Dá a sensação de estar pronta para zarpar. A qualquer instante. E se, da foz do rio Ave, largássemos a âncora e içássemos as velas tendo por destino… A Índia? E por objetivo o comércio de especiarias? Todo o processo de construção, executado segundo a técnica tradicional de construção naval em madeira, assim como o de construção de manequins que personificam os tripulantes e passageiros que seguiam a bordo, constituem os ingredientes necessários para embarcar nesta viagem. Vamos entrar a bordo de uma nau do século XVI?
As viagens para a Índia eram longas e exigiam o transporte de grande quantidade de alimentos sólidos. Acrescia o fator comercial: o comércio das especiarias implicava o transporte de uma carga valiosa e volumosa que requeria espaços adequados para o respetivo acondicionamento. A tudo isto respondia a nau, com o seu casco bojudo e ampla capacidade de acomodação. Nos dormitórios a cama está feita. Podemos conhecer os camarotes do piloto e do boticário, material cartográfico, instrumentos e técnicas de navegação.
A Nau Quinhentista "Vila do Conde" é uma réplica de uma nau portuguesa típica da Carreira da Índia, do início do século XVI. O projeto, tanto sob o aspeto técnico como histórico-arqueológico, é da autoria do Sr. Almirante Rogério d’Oliveira. A obra foi adjudicada aos construtores navais da firma Samuel & Filhos, Lda., sedeada em Vila do Conde, incorporando todo o saber ancestral dos carpinteiros e calafates dos estaleiros navais vilacondenses.
Disponibilizar informação sobre o período quinhentista, estimular os estudos sobre Vila do Conde, no âmbito da temática naval e recriar o ambiente vivido a bordo de uma nau do século XVI são alguns dos objetivos da Nau Quinhentista, que funciona em estreita articulação com o núcleo museológico Alfândega Régia-Museu de Construção Naval.