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É no alto do Morro da Sé, próximo da Catedral, que encontramos a mais longa sequência de ocupação humana documentada na cidade do Porto. No espaço ocupado pelo edifício do século XIX, onde se realizaram as escavações arqueológicas entre 1984 e 1987, houve outrora uma rua ladeada por vários edifícios, de que restam algumas paredes integradas na construção oitocentista. Uma das paredes deste lugar arqueológico foi utilizada na construção do edifício que hoje encontramos na Rua D. Hugo.
São vinte camadas arqueológicas distribuídas por três metros de profundidade. Estamos a falar de ruínas arquitetónicas e espólios dos séculos IV – III a.C. até à atualidade. Foram identificados vestígios do castro proto-histórico, que esteve na origem do centro urbano, bem como das ocupações que lhe sucederam. Os restos de habitações e arruamentos da Baixa Idade Média permitem reconstituir alguns traços do urbanismo antigo desta área, mas também há vestígios das épocas moderna e contemporânea. As escavações arqueológicas realizadas no subsolo da casa n.º 5 da Rua D. Hugo, entre 1984 e 1987, denunciaram vestígios de muitas construções edificadas ao longo de mais de dois mil e quinhentos anos, para além de fragmentos de peças cerâmicas que demonstram aspetos do quotidiano. Ficaram a descoberto restos de pisos de argila batida, provavelmente de habitações dos séculos V-IV a.C., vestígios de casas pétreas de planta circular do antigo castro proto-histórico e de pisos em argila (séculos III-II a.C.); muros e alicerces de habitações da época; provável face interna de uma muralha da época romana (fins do século III- inícios século IV); vestígios de uma antiga artéria em terra batida e dos edifícios que a ladeavam, do período medieval, entre muitos outros.
Os vinte estratos arqueológicos são camadas sobrepostas de terras de diferente coloração, textura e dimensão, cada uma relacionada com um determinado momento da vida da cidade. Esta sequência estratigráfica serve de amostragem da evolução do povoamento no Morro da Sé, núcleo principal que está na origem da cidade do Porto.
Há peças provenientes desta escavação no núcleo museológico da Casa do Infante e no Museu do Vinho do Porto.
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