Chegando à pequena povoação de Cete, a Ermida de Nossa Senhora do Vale destaca-se no seu centro. O pequeno templo, apesar de bem conservado, revela os longos anos da sua história. A sua construção do século XV sofreu várias intervenções no tempo.
Hoje, é o seu alpendre ou galilé moderno (1967) que antecede a entrada no templo. Os dois largos pilares intervalados por colunas de estilo dório apoiadas num muro baixo com gradeamento formam a estrutura. Mas, é o um singelo púlpito cilíndrico e o cruzeiro de cruz latina que se destacam neste alpendre e indicam que, em tempos, Cete foi um local de devoção e peregrinação, pontuado por romarias grandiosas demais para o pequeno espaço interior da Ermida. O portal de arco em ogiva com duas arquivoltas, decoradas por meias esferas e um mascarão central, conduz o caminho para o simples, mas tranquilo, interior.
A planta retangular de nave única e capela-mor quadrangular, com tetos de madeira, caracteriza-se pela pouca ornamentação. O granito exposto confere ao interior da Ermida um silencioso branco. Observe atentamente. Por entre o branco, destaca-se a pintura mural com representações de anjos músicos em tons de negro, terras, branco e azul, atribuída ao fresquista Arnaus (1530-1540). Resultado da mais recente intervenção no templo.
À saída, olhe em frente. Em linha reta, ergue-se um cruzeiro com uma cruz de Malta que marca o local. As semelhanças entre este templo e a Igreja de São Pedro de Cete desta mesma freguesia indicam a probabilidade das obras serem do mesmo arquiteto. Integra, por isso, a Rota do Românico.