Há uma talha dourada impressionante para lá da fachada, um pouco austera, desta igreja maneirista (1582 – 1622) já classificada como monumento de interesse público. A filigrana ornamental do altar-mor e dos dois altares do cruzeiro é de um barroco extraordinariamente diversificado. Em "Estudos sobre a Terra da Maia" José Vieira de Carvalho fala da "sensível complexidade e riqueza ornamentais dessas três joias da talha barroca maiata" e da "delicadeza que nelas assiste ao tratamento de diferentes temas". Mas este não é o único destaque obrigatório. À entrada, do lado direito, olhe para cima. É lá que está um magnífico órgão de tubos com 12 registos, construído na oficina de Hamburgo do grande mestre organeiro alemão Arp Schnitger (1648-1719).
Em 1853, Siwert Meijer, organista holandês, reconhecia que Schnitger tinha enviado para Portugal dois órgãos novos, cada um com 12 registos, dois teclados e um fole. Em 1974, Gustav Fock, biógrafo de Arp Schnitger, declarava que o paradeiro destes órgãos era desconhecido. O instrumento foi localizado nos anos 80, na Igreja de Moreira, e restaurado, em 1998, pelo mestre organeiro alemão Georg Jann. No decorrer dos trabalhos aconteceu a grande descoberta: na torre do lado esquerdo foram encontradas duas inscrições: "bey (Herrn) Schnitger in Arbeit" (um trabalho do Sr. Schnitger) e "Anno 1701 den 9 May" (Ano 1701 dia 9 de Maio) pela mão de Arp Schnitger. Estava feita a descoberta! E desvendado o mistério.
Os instrumentos de Arp Schnitger ainda se podem ouvir na Alemanha, nos Países Baixos, Brasil, Inglaterra, Rússia, Espanha e, claro, Portugal.
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